Ana Carô Amaral

Pensamentos soltos sobre a vida depois dos 30

Benjamim Gengibre

Sempre gostei de cachorro. Lembro bem do tempo que passei tentando convencer minha mãe a deixar eu ficar com um dos filhotes da poodle da minha tia que tinha acabado de dar cria, em julho de 1991. Insisti tanto que ela me deixou ir até lá e escolher o filhote com o pelo mais escurinho “pra não ficar muito sujo entre um banho e outro”. Assim veio Léo, o cachorro que adotou minha mãe como dona e que não era de muita brincadeira, mas que me fez gostar ainda mais de cachorro.

Anos depois, o vizinho começou a bater em um filhotinho que estava se abrigando em frente à garagem dele, minha ouviu e deixou nosso portão para o cachorrinho entrar e se esconder. Ele entrou e nunca mais saiu (mentira, vez ou outra se animava a fugir, mas era só fechar o portão pra ele voltar correndo e pedir pra entrar). E assim veio Baixinho/Zé/Cachorro-Vaca, o cachorro que nunca ganhou um nome oficial mas que amava ganhar carinho e ficar por perto.

O Henrique também sempre gostou de cachorro e amava o Pipo, o cachorro do irmão dele que viveu longos e felizes anos na casa da minha sogra.

Depois que saí da casa dos meus pais senti muita falta de ter um cachorro. Vinte anos convivendo com um animal todos os dias, brincando, dando carinho e brigando com as besteiras que eles faziam me fizeram sentir falta da bagunça, dos pelos, do latido e das lambidas. Depois que saímos da casa de nossos pais, tanto eu quanto o Henrique tivemos que dar adeus definitivamente para nossos peludos. E aí, só quem já amou um bichinho sabe a tristeza e dor que a gente sente. O primeiro impulso é sempre dizer que nunca mais vamos ter outro, só para nos poupar desse momento. Só que o tempo passa, né?

Eu já queria um cachorro há algum tempo, mas tinha dó de deixá-lo sozinho o dia todo, enquanto estivéssemos no escritório. Até que voltei a trabalhar de casa. Agora eu trabalharia sozinha o dia inteiro, já que o Henrique continuaria no escritório e queria uma companhia. Por que não um cachorro? :D

Depois de algumas semanas discutindo o assunto, Henrique topou adotarmos um. Procurei em algumas ONGs, vi anúncios de feiras de adoção que aconteceriam no final de semana e entrei em contato com alguns anúncios para checar se os cães eram do porte que imaginávamos ser o ideal para o nosso caso. Vi uma foto de um vira-lata lindo e, por ainda ser filhote, mandei mensagem para a senhora da ONG para saber mais sobre ele. Ela me informou que ele era porte grande e que não o indicaria para um apartamento, mas que tinha acabado de resgatar um cachorrinho que ficaria de porte pequeno e que ela só deixaria ser adotado por alguém que morasse em apartamento porque em casa ele fugiria muito facilmente. Me mandou foto e disse que o levaria na feira do dia seguinte caso eu ficasse com ele, já que ele ainda não havia sido nem vacinado, nem castrado e por esse motivo ela não podia colocá-lo oficialmente na feira de adoção. Combinei que de manhã iria em outras feiras e a avisaria caso fosse de tarde na feira onde ela estaria.

Pois bem. Fomos a outras 3 feiras pela manhã. Na primeira só tinha cachorro de porte grande, na segunda nos encantamos por um cachorro de porte médio, magrelo e altinho, chamado Benjamim. Ao mesmo tempo um menino que estava por lá também se encantou por ele, mas a moça da ONG não o deixava adotar por eles morarem em uma casa com portão muito aberto e ter medo do cão fugir facilmente (sim, as pessoas de ONG pensam nesse tipo de coisa, adotar um cachorro não é só chegar lá e querer). Ficamos em dúvida sobre o Benjamim porque ele era maior do que tínhamos imaginado e também não queríamos adotá-lo na frente do menino (que estava bem triste). Então a gente foi tomar café na primeira padaria que encontramos. Adivinha o nome da padaria? Benjamim. EIS UM SINAL DO UNIVERSO. Hahaha. Tava decidido: adotaríamos o Benjamim assim que terminássemos nosso café.

Só que a moça da ONG foi convencida pelo menino triste nesse meio tempo e, quando voltamos à feira, o menino estava todo feliz enquanto seu pai assinava os papéis da adoção. Perdemos o Benjamim, mas foi por uma boa causa. ;)

Resolvemos voltar para Santo André e mandei mensagem para a senhora da ONG. Avisei que não tinha adotado nenhum outro cachorro e ela me disse que levaria o pequenininho para a feira então, para eu conhecê-lo. Passamos ainda na terceira feira do dia, mas de novo não encontramos nenhum cachorro que fosse “o nosso” cachorro.

Chegamos à tal feira apenas meia hora depois dela ter começado. Vi o cercadinho com os cachorros, me aproximei e vi que um casal estava com o cachorrinho pequenininho no colo. Já estava preparada para ser avisada pela senhora que ele já tinha sido adotado, mas quando ela me viu foi logo falando que 3 pessoas já tinha passado por lá e pedido para adotar, mas como ela tinha me dito que esperaria por mim, havia falado para essas pessoas voltarem mais tarde. Haha. Ô Dona Olga abençoada! <3

Ainda na feirinha de adoção, antes de ir pra casa | Logo que chegamos | 1 mês depois de vir morar com a gente.

E aí ela colocou no meu colo uma coisiquinha de 3kg, CHEIO de pulgas, marronzinho e imundo. Como ela tinha resgatado ele na noite anterior, não tinha dado tempo de dar banho nem remédio de pulgas. Aquele cachorrinho tinha sido doado junto com o irmão para uma pessoa por um dono de criador ilegal de cachorros de raças porque, depois de 5 meses tentando vendê-lo na feira de rua, ninguém queria comprar. A pessoa não queria ficar com dois cachorros, então chamou a senhora da ONG para resgatar o mais “feinho”. E assim foi o caminho dele até a gente.

A gente tinha feito uma lista de possíveis nomes para cachorro, tínhamos anotado os nomes que os dois gostavam mais e Benjamim nunca foi uma opção. De manhã, antes de sair, eu pensei em “Gengibre” e como seria um bom nome para o cachorro, caso ele fosse marrom, caramelo ou bege, então estava com esse nome na cabeça.

Na mesa hora a gente disse que o adotaria e que assumiríamos os cuidados dele. Aproveitamos que a feira era em uma dessas grandes redes para pets e já o levamos para o banho. Ao fazer a ficha, a moça perguntou o nome. Nem tínhamos debatido isso, então o Henrique falou para colocar Benjamim porque o nome já tinha aparecido 2 vezes pra gente naquele dia. Eu corri dizer Gengibre também porque achei que seria um nome perfeito pra ele. Enquanto esperávamos, compramos ração, potes, coleira e brinquedos e fomos nos acostumando com o nome improvisado: Benjamim Gengibre. Benji saiu do banho já tendo nome definitivo, sem volta.

Ele chegou em casa assustado, vomitou de nervoso, tinha tanta pulga que dava pra ver elas andando no rostinho dele. Se enfiou debaixo do sofá para cochilar, chorou por ficar sem a gente na sala na hora de dormir (e assim garantiu passagem pro quarto).

A gente chama de Benji, Gengi, Gengibrino, Jaiminho, Benjibre, Bacon Frito, Bibico e a cada dia a lista de apelidos só aumenta. Ama correr, não gosta muito de colo, dorme na minha mesa enquanto eu trabalho, me acorda todos os dias no mesmo horário para passear, é possessivo com os brinquedos, é doido por criança, cachorro e gente, adora dar lambidas, vem pedir pra eu jogar fora logo o cocô quando faz, late meio que uivando, odeia quando fazem barulho na rua, tem medo de feira livre, faz escândalo se fica na gaiolina no petshop, até hoje passa mal quando anda de carro, tem medo do mar, não gosta de pisar em poças.

Nesses quase 2 anos em que está com a gente, dobrou de peso e tamanho. É meu companheiro diário de trabalho, mesmo passando a maior parte do dia dormindo no sofá. Chegar em casa ficou mais feliz, é difícil não sorrir quando ele vem rebolando a raba pra gente.

Ai que saudade que eu tava de ter um cachorro. <3

Todo feliz passeando no shopping, depois do banho e capotado na minha mesa enquanto eu trabalho.

PS: Como boa mãe de pet que sou, é claro que Benjamim ganhou um Instagram próprio. ;)

Ana Carolina

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