Ana Carô Amaral

Pensamentos soltos sobre a vida depois dos 30

Então vai, Cachorro-Vaca

ze-baixinho

Era 1996, a gente tinha um poodle mimado em casa, o Léo. Minha mãe jurava que nunca teria outro cachorro, que o Léo já dava trabalho suficiente. Aí um dia ouvimos um cachorro chorando na rua, fomos olhar e era um maluco batendo em um filhotinho tão pequenininho e magro que minha mãe não teve opção: tentou pegá-lo no colo, mas quem ia querer colo de uma estranha depois de apanhar por não ter feito nada?

O jeito foi deixar o portão de casa aberto, com um pote de comida na garagem pra ver se ele criava coragem de entrar. Só entrou quando não tinha ninguém olhando, comeu e foi se esconder no mato do jardim. Demorou um ou dois dias pra ele começar a chegar perto da gente, mas fez logo amizade com o Léo. “É só até encontrar alguém que queira ele”, repetia Dona Bete. Por esse motivo nunca escolhemos um nome. Cada um chamava de um jeito e assim o Zé-Baixinho-Bidí-Cachorro-Vaca foi ficando… E hoje, quase 20 anos depois, ele partiu.

O cachorro mais feliz que já conheci, o que me esperava na porta fazendo festinha quando eu chegava do trabalho e não me dava sossego até eu brincar um pouco. O que era tão amigo do Léo que ficou semanas triste quando ele morreu (e foi quem avisou alguém de que o Léo estava passando mal no quintal, quando o coração dele parou de funcionar). O vira-lata que me ensinou que os sem raça são a raça mais querida. O que corria o quintal inteiro sem se cansar, não parava quieto e que passou seus últimos meses sem conseguir andar por muito tempo sozinho.

Ele adorava tomar banho e ficava deitado no sol cheio de pose para se secar. Escapava pelo portão e morria de medo da gente não sentir falta dele, então voltava correndo e chorava até a gente abrir o portão pra ele entrar. Era MALUCO por chocolate, me enchia o saco até dar um pedacinho de nada pra ele. Tinha a pança toda rosa, com manchas pretas, igual a uma vaca. Foi o último “filho” a ficar na casa dos meus pais.

Vai em paz, Baixinho. Vê se corre pelo céu dos cachorros até encontrar o seu namorado, o Léo. Aposto que ele deve estar ranzinza num canto reclamando de saudade de você. Obrigada por tudo.

PS: Ontem postei esse texto no meu Instagram e no Facebook, mas eu tive que guardá-lo aqui também. <3

Ana Carolina

10 comentários em “Então vai, Cachorro-Vaca

  1. Que lindo ele. s2
    Dois dos meus filhos-cachorros já foram pro céu (um no ano passado, outro no ano retrasado) e não existem palavras pra descrever a saudade.
    Mas é boa a sensação de ter feito tudo por eles.
    Tenho certeza que seu Baixinho sabe do quanto foi amado e agora está em paz, olhando por vocês lá de cima!
    Beijo!

  2. Oi Carô! Eu amo seu blog, veio aqui religiosamente toda semana. Nunca “falei” aqui, ou falei pouco. Mas cachorros são minha paixão, os vira latas principalmente. E como não poderia deixar de ser, esse texto mexeu bastante comigo. Dona de seis cachorros, todos tirados da rua, já vivi a partida de dois deles, e ainda doí. Eles com certeza são anjos colocados na terra para nos ensinar a amar.

    1. Oi Welen!
      Poxa, muito obrigada pelo comentário. <3
      Eu sou a maior fã de vira lata, são tão espertos e lindos. No futuro quero voltar a ter pelo menso um!

      Realmente bichinhos são puro amor, são uma companhia fiel e de uma entrega de carinho sem fim. Concordo que são anjos.

  3. Sinto muito Ana. Já perdi alguns animaizinhos nessa vida e sei o quanto a gente sofre. TIve uma cachorrinha que ganhei com 6 anos e ela morreu com 17. É um membro da família que se vai né! Bjos

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