Ana Carô Amaral

Pensamentos soltos sobre a vida depois dos 30

O fim, o início e o meio

Já falei por aqui que Raul Seixas é uma das melhores coisas no rock nacional, pra mim. Exatamente por isso estava doida para assistir o documentário Raul – o início, o meio e o fim desde que ouvir dizer que estava sendo produzido. Um documentário com entrevistas de amigos, fãs, jornalistas e todo o tipo de gente que conviveu com o Maluco Beleza. Cenas de shows, a vida em casa… tudo isso me deixou bem curiosa e doida para correr ao cinema.

Ontem consegui um tempinho e fui assistir. O documentário é bem completo, mostra desde a época em que Raul descobriu Elvis (ah, sempre o rei) e resolveu virar uma estrela. Queria ir para Hollywood, ser famoso, aparecer no cinema. Abriu fã clube, começou sua própria banda… e foi isso o que definiu sua vida. Saiu da Bahia para trabalhar como produtor musical no Rio, casou, descasou, juntou, desjuntou, teve filhas… e no meio disso tudo conheceu Paulo Coelho e começou a parceria mais famosa (mas não a mais frutífera) que teve. Conheceu a drogas, mas não largou o alcóol que desde o começo da adolescência já tomava. Saiu do país, voltou, fez muito sucesso e ficou esquecido sem pisar em um palco por 4 anos. Se afundou nas drogas e na bebida, passou a ter problemas de saúde. Conheceu Marcelo Nova e fez com ele seu último disco e sua última turnê. Morreu sozinho, deitado na cama, de pijama.

Saí ainda mais apaixonada por Raul e por sua obra. Me emocionei em muitos momentos, quis cantar junto todas as músicas. Raul foi isso: uma dessas forças que aparecem aqui na Terra às vezes e deixam um legado difícil de esquecer. A parte mais triste foi constatar que ele, por muito pouco, não morreu totalmente esquecido pela mídia. Estava acabado e viciado, mas não sem talento. Acabou virando uma lenda com um quê de chacota, com fama de ídolo hippie dos tiozões motoqueiros.

Um conselho? Assista ao documentário, mesmo que você não seja fã. Vai ser bom para você perceber que Raul foi muito maior do que essa lenda piadista, foi o berço de boa parte do rock nacional.

Ana Carolina

12 comentários em “O fim, o início e o meio

  1. Não vejo a hora de poder assistir esse documentário por aqui! Sou fã e também lamento o fato de não de poder vê-lo um dia em um show. Ainda bem que ele deixou um acervo incrível para que a gente pudesse conhecê-lo melhor, mesmo depois da sua morte. Acho tão bonito encantamento de menino dele pelo rock e a paixão pelo Elvis.

    Eu concordo com você. Tem tanta gente que carrega tantos preconceitos com relação às músicas e a história dele. São tantas lendas e tantos clichês! A verdade é que ele era um gênio e foi extremamente importante para a história do Rock Nacional.

    Acompanho o Futricô pelo Reader e, apesar de adorar os seus posts, dicas e fotos, até hoje ainda não tinha aparecido por aqui. Hoje eu não podia deixar de comentar.

    Um beijo!
    :)


    ps: O álbum A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (com o Raul, Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star) é o meu favorito! :D

  2. “Acabou virando uma lenda com um quê de chacota”, sad but true. O pior é que tem muita gente que diz gostar e alimenta esse estereótipo dele!

    Carô, esse é o filme com o Fiuk?

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