Tinha lido O Diário de Anne Frank aos 11 anos, quando peguei emprestado na biblioteca da escola. Lembro de ter lido bem rapidinho e ficado intrigada com a vida clandestina da menina. Alguns anos depois minha irmã foi à Amsterdam, visitou a casa onde ela e sua família se escondeu e voltou falando que era uma experiência muito marcante conhecer o lugar. E aí começou a minha loucura para um dia ir até lá também. E esse ano fui, me encantei ainda mais pela Anne e voltei querendo reler o Diário dela. Não tinha um exemplar, então fiquei MUITO feliz quando ganhei de aniversário (Obrigada, Carol!) e comecei a ler logo que cheguei em casa.
Anne Frank era uma garota alemã que se mudou ainda pequena para a Holanda, com os pais e a irmã. A família era judia e foi para lá já querendo se livrar de Hitler na Alemanha. Eles tinham uma vida boa, livre, com direito à boa comida, presentes e passeios. O pai era um dos donos de uma empresa de condimentos, as meninas estudavam em boas escolas judaicas e a mãe cuidava da casa. Aí veio a Guerra e a invasão alemã à Amsterdam. E assim, chegou a hora da família se esconder e passar a viver trancada dentro de um anexo que existia no topo do prédio onde funcionava a empresa do pai de Anne.
O esconderijo foi preparado por meses, esperando somente a “hora certa” para ser habitado. Anne, o pai, a mãe e a irmã foram para lá dividir o espaço com mais uma família (formada por pai, mãe e um filho). Depois de alguns meses, mais um conhecido do pai de Anne se juntou à eles. Eram 8 pessoas dividindo um espaço muito pequeno, partilhando medos e sonhos, se conhecendo melhor e tentando sobreviver à caçada aos judeus que, infelizmente, aconteceu durante a Guerra.
Eles eram ajudados por alguns funcionários da empresa, que levavam comida, livros, revistas e notícias do mundo exterior. Todos liam e estudavam, para o tempo passar e para poderem retomar suas vidas com mais facilidade quando a Guerra acabasse. A comida era escassa e repetitiva, eles passavam longos períodos tendo como prato principal um único ingrediente e ainda tinham que continuar a comê-lo depois dele apodrecer, já que era a única coisa que tinham. A esperança de voltar a ter uma vida normal era o que fazia com que eles conseguissem suportar todo aquele tempo presos, eles sempre conversavam sobre o que fariam assim que pudessem voltar à andar na rua.
Anne foi para o esconderijo aos 12 anos e, ao sair de lá, tinha 15. Esses pouco menos de 3 anos que ela passou enclausurada foram de muita mudança. Como toda adolescente, Anne passou a querer se conhecer melhor, a imaginar as coisas que queria mudar no mundo, o que gostaria de fazer quando fosse adulta… Anne era muito inteligente, contestadora, sonhadora e teria um grande futuro, com certeza. Sonhava em ser escritora, trabalhar fora e não só viver para a família, como a mãe. Anne era uma feminista, com certeza teria tentado lutar pelos direitos das mulheres.
Ao ouvir, pelo rádio, que havia interesse de publicação em diários e cartas que os judeus escreviam durante a guerra, Anne começou a organizar e reescrever algumas passagens do seu diário, pensando em publicá-lo ao fim da Guerra. O Diário era seu amigo (tinha até nome, Kitty) e a ajudou a não se sentir sozinha em muitos momentos. As passagens escritas nele eram como cartas para Kitty, a amiga imaginária de Anne. Ali estava o relato real do dia-a-dia do Anexo,
Durante esses meses todos, o prédio foi assaltado algumas vezes, invadido, revistado pela polícia… e mesmo assim não encontraram os moradores clandestinos. Até que um dia chegaram três integrantes da polícia e foram diretamente para o esconderijo: todos haviam sido delatados. Até hoje não se sabe quem foi a pessoa que denunciou todos, é um grande mistério. Todos os moradores foram levados para campos de concentração e dois dos funcionários que os ajudavam foram presos (mas soltos, algum tempo depois). Dos oito judeus que ali moravam, só o pai de Anne sobreviveu. Ele se mudou para a Suíça, se casou e publicou o diário da filha, como era o grande desejo dela. Morreu velhinho.
Ler novamente o Diário, após ter estado no Anexo e visto como era tudo, foi uma experiência muito mais dolorida do que a que tive aos 11 anos. Agora entendo o quão duro deve ter sido, as provações pelas quais eles passaram, a injustiça de tudo. Aos 11 anos eu não tinha muita noção disso, embora conseguisse imaginar um pouco de como seria viver daquele jeito. Os relatos de Anne sobre a dor que ela sentia ao imaginar outros judeus sofrendo em campos de concentração, o medo de todos de que este fosse o destino deles e o horror que deve ter sido ter realmente ido parar (e morrer) em campos alemães é brutal.
“Ich danke dir für all das Gute und Liebe und Schöne” – Anne Frank, 07/03/1944
“Obrigada por tudo que é bom, amado e belo”
Preço: R$12 no Submarino
acho que li esse livro há uns 15 anos e nunca me esqueci de como me senti na época. hoje vou atrás de tudo quanto é livro sobre o holocausto.
um dos lugares que mais quero visitar quando for pra europa é o campo de concentração de Auschwitz e o esconderijo da anne.
Auschiwitz tá na minha lista de lugares que TENHO que conhecer, mas já matei um pouco da curiosidade visitando Sachsenhausen. Mesmo assim ainda vou pra Polônia só pra ver Auschiwitz de perto.
Li esse livro bem nova também, minha mãe tinha na estante de casa, sabe como é professora rsss tenho sonho de visitar o lugar que ela viveu todo o tempo do diário, deve ser emocionante.
Nossa história com esse livro é muito parecida, Ana. Também li mais ou menos com essa idade, também emprestado da biblioteca da escola e, como você, fiquei muito mexida com ele. Seu relato me deu vontade de ler de novo. Beijos
Considero esse diário um dos livros da minha vida! Eu era uma pessoa quando comecei a ler e sinto que mudei um pouco ao terminar… incrivel ;) Quero muito visitar o anexo em Amsterdam também.
Beijos
O livro mexe muito com a gente mesmo, Tuh… se prepara, porque conhecer de perto o anexo é uma experiência muito forte e maravilhosa, vale a pena ser vivida. <3
Assim como você, li quando era bem mais nova e me lembro de poucas passagens. Mesmo sem lembrar detalhes, consigo imaginar direitinho a casa, os anexos, como ela descreveu. Deve ter sido mesmo muito incrível essa visita.
Ainda quero fazer as duas coisas: reler o livro e essa visita em Amsterdam!! :)
Eu tenho o livro, comecei a ler uma vez, mas minha mãe decidiu ler ele ao msm tempo que eu ¬¬
Aí larguei e nunca mais peguei de novo.
Acho que vou por ele na lista pro próximo na leitura =)
Oooie. Adoraaando o blog. E recentemente li o livro, ja tinha ele no meu kindle por um tempo. E como irei para amsterdã em Julho, achei justo ler antes a história. É muito angustiante ler ela relatando sobre o que gostaria de fazer após a guerra acabar e estar livre novamente. Pois vc sabe (sem ler spolier ja que é fato real hahaha) que ela morre, e nunca vai poder fazer nada. Quero muito conhecer o local onde eles ficaram e acho q vou sentir uma dooor, uma tristeza . =/
Oi Jessica!
Que legal que você está gostando do blog! :)
Fui à casa da Anne Frank em Amsterdam e, apesar de ser mesmo bem triste, é uma experiência que vale a pena. Ainda mais depois de ler o livro! :)