Viu esse meme? Eu quase não vi, peguei só um tweet sobre ele nos 45 do segundo tempo, mas fiquei pensando nele desde ontem.
Até agora temos quase 1 ano e meio desde que a pandemia foi declarada. 1 ano e meio em que a gente perdeu, reinventou e mudou TANTO. Você se lembra certinho de como era sua vida antes disso? Do que se passava na cabeça quando você entrava no elevador de manhã, dava oi pro porteiro e saía na rua? De quando entrava em um restaurante e pedia a comida, tomava sua bebida rindo, pegava o talher que o garçom tinha encostado a mão e começava a comer? Tem dia que eu não lembro, mas tem dia em que sei que depois de 1 mês em que tudo voltar ao normal eu já não vou conseguir lembrar tanto do medo constante que a gente sentiu desde o ano passado. Não vejo a hora de sentir isso.
Nesse período eu tive perdas, algumas que foram as maiores da minha vida: meu pai e o tempo que eu ainda tinha para aproveitar o convívio físico com a família e os amigos antes de me mudar de país. E aí tive um ganho, algo que eu sempre quis e que por anos a gente se programou para fazer acontecer: mudei de país.
Eu não sou uma pessoa de sonhos, mas esse era um dos meus grandes objetivos na vida. Eu me lembro de quando era criança já pensar que um dia gostaria de morar em outro país, conhecer uma cultura diferente da minha, estar cercada de desconhecidos e precisar fazer do novo lugar um lar. Então essa foi uma vitória maravilhosa, mas é bem estranho pensar que foi de um jeito com muito menos despedidas do que sempre achei que fosse ter, sem ter tido a oportunidade de dar uma festa para me despedir, sem poder comemorar os últimos aniversários (meu, do Henrique, dos meus pais, dos amigos), sem abraço e beijo de despedida. Não vou mentir, abracei e beijei os que me são caros. De máscara, a maioria das vezes, mas abracei. Ainda bem, porque nesses 7 meses a subtração da vida foi feroz e dois deles já não terei oportunidade de abraçar nunca mais.
Tô aqui com a sensação de que já deu, provavelmente como você, eu sei. Ninguém aguenta mais. O que tenho feito é tentado ter esperança. Hoje, por exemplo, tomei a segunda dose da vacina e em 7 dias já poderei me considerar imunizada. Sai de cena meu medo de morrer de Covid, mas continua por aqui o medo de contrair a doença. De pouco em pouco vou diminuindo esse medo de viver que a gente teve que se acostumar a ter.
Img destacada: Nina Cosford
Boa noite Ana. Espero que esteja tudo bem.
Tenho conhecidos que se mudaram de país em plena pandemia e relataram essa questão de não poderem se despedir direito de pessoas e lugares queridos. É difícil.
No começo confesso que achei que seria tipo H1N1, vai durar 1 mês, 3 meses no máximo. E cá estamos. Tá f*da, ainda da medo, mas temos que sempre vigiar e renovar as esperanças.
Honestamente, ainda tenho que me esforçar pra lembrar da vida antes disso tudo.
Super beijo e boa semana.
É bem como você falou mesmo, Gabius… a gente achava que seria rápido e cá estamos nós 1 ano e meio depois ainda com medo de fazer as coisas, né?
Mas aos poucos vai passar. <3
Boa semana para você também!