As coisas pro lado de cá

Em maio de 2022, comprei uma passagem Dublin-São Paulo com escala no Canadá porque o preço estava bom demais e eu teria duas malas grandes inclusas para trazer boa parte das nossas coisas que ainda estão no Brasil. Pois bem, mal sabia eu que o visto de trânsito que deveria levar 3 meses para sair demorou quase 18 e tive que adiar em quase 2 anos o uso dessas passagens. Tudo isso para dizer que estou aqui em Toronto, presa no aeroporto por longas 11 horas, esperando meu vôo para o Brasil. Daqui pouco mais de uma semana, estarei aqui de novo por mais 11 horas. E sem direito às minhas duas malas para trazer minhas coisas, mas não vou nem começar a falar disso pra não ficar puta comigo mesmo. Hahaha.

Fiz essa introdução pra dizer que foi assim que resolvi lembrar que esse blog existe e dar uma olhada por aqui. Há quanto tempo não passo aqui pra atualizar as coisas. Tanto mudou desde a última vez que escrevi, mas parece que passou tão rápido que nem sei direito dizer o que mudou mesmo, sabe?

Hoje já são 3 anos e 3 meses morando em Dublin, já me sinto uma local andando pela cidade e é pra lá que minha mente vai quando penso em “casa”. Continuo gostando muito da cidade e do país, curtindo cada vez mais saber sobre a cultura, tomar algumas coisas como minhas e ver o quanto Brasil e Irlanda tem em comum (acredite, têm sim). Ao mesmo tempo, aquele olhar de turista realmente já se foi. Ainda acho lindo quando neva (quase nunca) ou vejo as bumblebees durante a primavera (quase sempre!), mas o dia a dia é o padrão adulto: casa – trabalho – arrumar a casa – encontrar gente querida – passear o cachorro – pagar contas – planejar os próximos passos – ver séries e filmes. Virou vida normal.

E a vida normal é bem boa: eu, Henrique e Benji aproveitando a casa, o parque, os passeios pelo bairro. Ir ao pub com amigos, passear e continuar conhecendo lugares novos. Recebemos amigos e família, passeamos, banquei a guia turística várias vezes e agora já tenho uma lista daquele lugares tem-que-ir pra indicar quando me perguntam. Tenho o restaurante favorito, o pub onde tem a melhor pint, a doceria que faz o melhor bolo de aniversário. Ando sem precisar ficar olhando o Google Maps a cada passo, invento caminhos de um ponto a outro sem precisar pensar demais.

É tudo perfeito? Claro que não. Cansa? Ô! Vale a pena? Muito. Não posso dizer que a vida desse lado não esteja boa, porque está sim. Espero que esteja bem por aí também.